Entrevista com Nikki Saccoccia

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[Transcrição da Entrevista]

 

Em nosso sexto episódio da série Voices of Local Leaders, entrevistamos Nikki Saccoccia, uma educadora ambiental que trabalha como Diretora do acampamento Schooner Camp e Coordenadora das Reservas de Gather New Haven. Nikki cresceu em Connecticut e sempre foi fascinada por ciências naturais e educação. Durante o ensino fundamental e médio, ela se envolveu em várias iniciativas para aprender mais sobre a pesquisa de campo e ajudar os pesquisadores em seu trabalho, incluindo oportunidades de voluntariado e estágio em todo o estado, como mapeamento de espécies invasoras, marcação de gansos e borboletas e captura de libélulas. Usando experiências práticas ao ar livre que combinam artes e ciências naturais, Nikki cria oportunidades de aprendizagem que promovem um relacionamento profundo entre crianças e adultos com o meio ambiente.



Transcrição da Entrevista

"Olá pessoal, eu sou Nikki Saccoccia de Gather New Haven. Eu sou responsável por um acampamento que atende mais de 400 crianças na região de New Haven para ensiná-las a velejar e estudos costeiros na reserva natural Long Wharf e é executado pela escola Sound School, em New Haven. Oferecemos mais de 50% de bolsa de estudos para permitir fácil acesso a esses tipos de programas. Por meio da minha função como Gerente de Preservação, manejamos 80 acres de terra em New Haven. Fomos um dos primeiros consórcios de terras urbanas em Connecticut. Através dessas reservas, [Gather New Haven] permite o acesso a espaços verdes e espaços azuis em um ambiente urbano, permitindo que as pessoas aproveitem isso, e a natureza também.”

[Science Yourself] O que o inspirou a se envolver com Educação Ambiental?

[Nikki Saccoccia] Ao crescer, eu sempre soube que queria ser algum tipo de professora. Meu pai era professor de ciências do 5a série em New London (CT), então tive essa figura em minha vida para me inspirar. Sempre adorei educação informal. Crescendo, ela me ofereceu a chance de explorar o que realmente me interessava e realmente buscar oportunidades em educação ambiental. Por exemplo, na 7a série, procurei o acampamento para meninas do 'Project Oceanology,' e isso realmente me envolveu em aprender mais sobre pesquisa de campo. Depois, no colégio, eu atendi um acampamento de pesquisa ambiental com o estado chamado 'Project Search,' com Alberto Mimo, que foi muito inspirador e me mostrou como é importante oferecer oportunidades. Essas oportunidades que realmente permitem que você expanda o que você possa querer fazer como carreira. Não apenas tendo pessoas visitando e dizendo 'Isto é o que eu faço', mas você está realmente fazendo algo como os biólogos de campo fazem todos os dias. É incrível ter essa prática desde o início! E a razão pela qual trago isso como uma inspiração para o porquê de eu querer me envolver com educação ambiental é para ajudar a facilitar e fornecer esses mesmos tipos de oportunidades que eu tive enquanto crescia, porque eu sei o quanto isso teve um efeito profundo em mim. Era muito estimulante porque era o que eu queria fazer. Não era necessariamente algo que estava acontecendo na escola. Na verdade, eu tive dificuldades na escola. Tive que me esforçar muito em matemática, que é muito aplicável a ciências e a fazer essas conexões. Então, ter essas oportunidades de educação informal me ajudou a fazer essas conexões e me ajudou a realmente valorizar experiências. Mais do que apenas saber todas essas teorias e coisas do tipo, foi [apender] a aplicá-las.

 

“Existem todas essas maneiras diferentes de conectar as pessoas ao ar livre, à natureza, ao meio ambiente, que não precisa ser lançando diretamente de todos esses fatos e teorias para eles”

 

[Science Yourself] Como você vê essa flexibilidade da educação informal, particularmente em seu trabalho?

[Nikki Saccoccia] A forma como vejo os programas de educação ambiental é criar uma conexão e educar sobre como estamos todos conectados neste planeta e aplicar a ciência que está ali. Ao apresentar o meio ambiente a crianças e adultos, é importante estar muito consciente de seu desenvolvimento e de como é sua compreensão do mundo. A educação ambiental, o que eu amo nela é ser tão multifacetada e há tantas abordagens que você pode adotar. Você pode adotar uma abordagem baseada na arte, o que eu particularmente adoro como artista. Existem todas essas maneiras diferentes de conectar as pessoas ao ar livre, à natureza, ao meio ambiente, que não precisa ser lançando diretamente todos esses fatos e teorias sobre eles. O ponto principal disso é que você está tendo a experiência prática, você está vendo essas coisas pessoalmente, em campo. [Se] eu estou mostrando a eles uma tartaruga, eles vão ficar fascinados porque é uma coisa animada que está acontecendo ali. Mas o que acontece se você não encontrar uma tartaruga na trilha? Como você torna essa experiência valiosa para eles? Existem diferentes maneiras criativas de fazer isso. Uma abordagem particular que eu realmente tenho adorado é ensinar rastreio e sinalização de animais a crianças e adultos, porque permite que eles diminuam a velocidade e pensem criticamente sobre uma situação que está diante deles, como aconteceu e o que a poderia ter deixado. Sempre que mencionamos relações simbióticas ... essa é uma palavra complicada! Você sempre tem que agregar essa palavra complicada a algo que vai acender uma lâmpada na cabeça das pessoas, especialmente nas cabeças das crianças. Isso me ajuda a ser uma pessoa criativa [porque] eu realmente quero que essas conexões cheguem lá, eu realmente quero que aquela lâmpada se acenda na cabeça das crianças, para que elas se lembrem visualmente. Eu sempre tento focar na minha criança interior 'O que me ajudaria a lembrar disso?' Tem que ser sempre um pouco bobo, ou algo que eu já vi antes. Então, de volta à relação simbiótica, eu relaciono a 'Procurando Nemo' ou 'Procurando Dory' especialmente para a geração mais nova. E eu sempre falo sobre o peixe-palhaço e as anêmonas do mar, especialmente porque eles têm muita dificuldade em dizer 'anêmona do mar' e riem. Então, eles têm um pouco de humor para conectar isso e, em seguida, falam sobre como esses dois organismos se beneficiam um do outro e o que fazem. Relacionamentos simbióticos são uma das minhas coisas favoritas para ensinar a crianças e adultos, porque isso apenas mostra a conectividade na natureza e como podemos nos beneficiar mais uns dos outros juntos do que separados. E quantos milhares de milhões de anos a natureza levou para desenvolver esses relacionamentos, e como realmente precisamos pensar sobre isso também. Essa é uma longa maneira de falar sobre como fazer essas conexões com as crianças, tornando-as engraçadas, tornando-as conectivas, é realmente importante porque é mais acessível do que se eles estiverem anexando essas imagens engraçadas a um fato científico realmente legal.

 

[Science Yourself] O que você vê como o valor de explorar ciência e arte juntas?

[Nikki Saccoccia] Ser capaz de incorporar [ciência e arte] é um sonho para mim. Elas se beneficiam igualmente uma da outra. Eu implementei há alguns anos um programa de educação escolar em casa sobre arte da natureza, onde saíamos e apenas criávamos com o meio ambiente, [semelhante] à abordagem de Andy Goldsworthy. Se alguém conhece esse artista, ele é capaz de pegar elementos naturais e fazer essas estruturas legais. O objetivo é você ser criativo, mas você está deixando essas esculturas (que ainda fazem parte do meio ambiente, não estão prejudicando o meio ambiente), que podem simplesmente se decompor de volta. Também cria aquele elemento criativo do ser humano que aprecia arte. O fato de ser arte que não tira do meio ambiente é muito importante. E também, qual é o impacto tão profundo para mim ensinar as crianças a serem criativas. Você não precisa desses materiais de arte caros para ser um artista ou para ser criativo. É sobre como usar o que está à sua frente. É ensinar desenvoltura.

 

“Fazer pesquisas em diferentes parques estaduais, como mapear espécies invasoras, capturar libélulas - isso é ciência de campo divertida, e as pessoas precisam saber que ciência pode ser divertida”

 

 [Science Yourself] Qual é um mito ou equívoco comum sobre educação ambiental que você já encontrou em seu trabalho? Como você contorna esse desafio?

[Nikki Saccoccia] Sempre que eu trago um animal, crianças e às vezes adultos ficam 'Oh, isso vai me morder? Qualquer coisa com dentes está aí para me morder!' Então, o que eu sempre tento fazer, especialmente quando se trata do que eu chamo de' defesas voláteis de plantas e animais', tento deixar bem claro que essas são algumas das únicas maneiras que esses organismos podem se comunicar conosco e defender seu bem-estar. Precisamos estar conscientes deles ao nosso redor e respeitar suas defesas e como eles as desenvolveram. Em seguida, entre na ciência de como eles se adaptaram para ser assim. Eu penso até em espinhos nas plantas. As crianças estão sempre correndo por eles, sendo arranhadas e outras coisas. 'Por que você simplesmente não arranca todos eles?' [E eu digo] 'Por que a planta precisa de espinhos?' Eu sempre tento dar a eles o motivo pelo qual elas precisam desses espinhos. É uma chance de falar realmente a fundo sobre as adaptações de defesa de plantas e animais para crianças e adultos.

 

[Science Yourself] Qual seria seu conselho para alguém que ama a natureza e ciências, e está pensando seriamente em se tornar um educador ambiental?

[Nikki Saccoccia] O que aprendi ao longo da minha carreira em educação é sempre buscar oportunidades. Não espere que eles venham até você! Se você se interessa pela natureza, em ensinar educação ambiental, primeiro adquira experiência com ela. Vá para o campo ou encontre alguém que trabalhe no campo e seja voluntário com eles. No ensino médio ou no colégio, junte-se ao seu clube ambiental. Apenas se envolva no que é relevante agora. Procure essas oportunidades de voluntariado. Minha mãe e eu sempre, quando eu era criança, aproveitávamos as oportunidades de voluntariado com o CT-DEEP, marcando gansos, pescando, e marcando borboletas. Sempre existem aquelas oportunidades que estão por aí, você apenas tem que procurá-las, mesmo que você apenas as busque no Google. Porque foi exatamente assim que eu encontrei o campo de pesquisa ambiental que o estado costumava organizar e envolveu alguns professores da UConn que estavam realmente fazendo pesquisas em diferentes parques estaduais, como mapear espécies invasoras, capturar libélulas para David Wagner na UConn. Isso é ciência de campo divertida e as pessoas precisam saber que isso é divertido. Essa ciência pode ser divertida. Há todos os detalhes no meio, mas é sobre a relevância. E também, o que é tão importante sobre a educação ambiental é a comunicação da ciência para torná-la relevante. Porque você pode ter todos esses cientistas, em todo o mundo, colaborando e fazendo grandes avanços, mas é preciso que o público entenda o que está acontecendo e transmita isso ao mundo. A educação ambiental vai passo a passo, desde o desenvolvimento da infância até os adultos, para criar essas conexões importantes.


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